Eu excedi os limites. Agora
minhas únicas companheiras eras as lâminas, mas mesmo assim eu temia das
marcas, não queria chamar atenção de ninguém. As lágrimas foram substituídas
por gotas de sangue. Mas eu não me importava. Escondi de todos. Ninguém
precisava ficar sabendo. O tempo foi passando, e as coisas foram piorando.
Estava difícil não me importar com o que estava havendo. Eu não consegui
controlar. Passei as madrugadas molhando o travesseiro com lágrimas, mas
ninguém via. Cada vez mais sozinha, me sentindo pior e me odiando cada dia mais
por ser tão fraca, tão estúpida. Conheci pessoas novas, mas fui machucada
novamente. Me tornei fria. No final só sobraram duas pessoas que realmente se
importavam. Meus verdadeiros amigos. Meus anjos. Eles tentaram me ajudar. Mesmo
distantes. Mas eu via que isso estava acabando com eles. A cada corte que eu
fazia sabia que também estava ferindo a eles. Tentei parar. Mas eu fui fraca.
Não consegui suportar a vontade de sentir o sangue escorrer. E lá estava eu me
maltratando novamente. Fui me afastando. Era melhor pra eles ficarem sem mim.
Só que eles não entendiam isso. Eu ao queria mais magoá-los. Então percebi que
desistir era a melhor solução. Tudo ia morrer comigo. E aqueles que se
importavam logo iriam esquecer. Eu iria me tornar só mais uma lembrança, as
vezes boas, outras vezes ruins. Desistir não foi uma decisão fácil. Mas foi a
que me pareceu ser melhor pra ele, e principalmente pra mim. Então, desculpe
mas eu estou desistindo. Adeus.
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